Pela primeira vez, novos casos de aids têm queda, afirma ONU
Novas infecções
diminuíram 33% entre 2001 e 2012; ação de combate global se inspirou no Brasil
GENEBRA - A
Organização das Nações Unidas (ONU) anuncia hoje que, pela primeira vez, o
registro de casos de aids no mundo teve uma queda. Em um desempenho considerado
histórico, o número de novas infecções pelo HIV caiu 33% em pouco mais de uma
década. Em 2001, 3,4 milhões de pessoas foram contaminadas pelo vírus e, no ano
passado, a taxa caiu para 2,3 milhões. Em pelo menos 26 países, o recuo foi
superior a 50%.
Dados do informe
da Unaids - agência da ONU de combate à doença - revelam também que houve redução
de 30% na mortalidade em 2012, em relação ao pico, em 2005, quando houve 2,08
milhões de mortes. Em 2001, 1,9 milhão de pessoas morreram em decorrência da
aids e, em 2012, foram 1,6 milhão.
Apesar da freada
na proliferação do vírus, o número de pessoas infectadas no mundo continuou a
subir no período - a sobrevida aumentou com o acesso ao tratamento. Em 2001, 30
milhões de pessoas no mundo viviam com o HIV - em 2012, eram 35,2 milhões.
Desde o início da epidemia, nos anos 1980, 75 milhões de pessoas já foram
infectadas.
Um dos dados mais
comemorados dentro da Unaids é a queda de novos casos de crianças infectadas.
Entre 2001 e 2012, a redução foi de 52%, com um total de 250 mil registros.
Funcionários da
ONU não escondem que os números são surpreendentes - há apenas alguns anos,
poucos imaginariam que a redução seria possível. A mudança aconteceu em grande
parte por causa da decisão da agência de adotar o modelo brasileiro de garantir
acesso ao coquetel antirretroviral como uma estratégia mundial. O tratamento
ajudou também a barrar a contaminação por HIV.
Em 2005, 1,3
milhão de pessoas tinham acesso aos remédios no mundo. No fim do ano passado, o
número chegou a 9,7 milhões. "Mas, apesar dos ganhos históricos em
expandir os serviços de tratamento, o esforço para garantir um acesso universal
enfrenta desafios consideráveis", alerta a Unaids.
Parte do sucesso
obtido se deve ao crescimento do volume de recursos destinados para o combate à
aids. Em 2002, existiam US$ 3,8 bilhões para atacar a doença. Hoje, são quase
US$ 19 bilhões. Para 2015, a Unaids estima que serão necessários até US$ 24
bilhões.
O Brasil aparece
como o País com o maior orçamento nacional para o combate à doença entre os
emergentes. Por ano, são mais de US$ 745 milhões - a China, com uma população
seis vezes maior, investe US$ 497 milhões, contra US$ 200 milhões na Tailândia
e US$ 262 milhões em Botsuana. A Unaids, porém, alerta que o País, mesmo com
todo o dinheiro para combater a doença, corre o risco de não atingir algumas
das metas mundiais até 2015.
Perigo. Apesar dos
avanços, a Unaids reconhece também que o mundo corre o risco de não atingir
essas metas. A maioria dos países está longe de reduzir à metade o número de
novos casos entre pessoas que injetam drogas ou das transmissões por relação
sexual, conforme estabelecido nas metas de 2011.
A África continua
o grande desafio. Das 35 milhões de pessoas com aids, 25 milhões estão no
continente. Dos novos infectados por ano, 1,6 milhão são africanos. Quase todas
as mortes também ocorreram lá: 1,2 milhão das vítimas mundiais.